Beber e dirigir: por que a "Lei Seca não pegou"?


Madrugada de domingo. São Paulo. Renato Santos Bosco, de 28 anos, está no Bar Brahma tomando a sua cerveja. Até aí, nada demais. Normal. Eis que o manobrista resolve sair do estabelecimento. Ele pega uma Range Rover de um cliente, acelera a 80km (o dobro do permitido na via), na Rua Conselheiro Nébias (centro da capital paulista), até se colidir com uma Chevrolet Onix. Na batida, a Chevrolet é arrastada por 50m, matando o Jornalista paraense, Thyago Gadelha Chaves, de 36 anos e ferindo mais 3 ocupantes do carro. O próprio Renato admitiu ter tomado 2 latas de cerveja e ficou constatado, no bafômetro, que ele estava acima do limite de 0,34 miligramas/litro de álcool ingerido no organismo. Santos foi detido provisoriamente, mas até quando? Sim, infelizmente esse é "só" mais um acidente com morte no trânsito provocada pela direção após o uso de bebida alcoólica. Agora, por que isso ainda é constante no Brasil? Em junho de 2008, entrou em vigor a Lei 11705, conhecida como "Lei Seca". Baseada na Lei 9503/1997, o objetivo era reduzir ao máximo a quantidade de acidentes e mortes provocadas por motoristas, que dirigem após ingerir bebida alcoólica. Daí, as já existentes campanhas de conscientização, passaram as ser ainda mais massivas, afim de evitar essas tragédias. Com isso, também aumentaram as blitzs. Sejam em ruas, estradas. Só que as multas e punições estavam leves, "fichinhas" demais. Aí, a partir de dezembro de 2012, passou a vigorar a Lei 12760. É uma "Lei Seca" com algumas alterações. Se a multa que era de R$957,70 e passou para R$1915,40, e hoje é de R$2934,70 (e pode ser dobrada o motorista for reincidente em 1 ano), mais 7 pontos na carteira, há também outras modificações: Quem se recusar a fazer o teste do etilômetro, é levado imediatamente para a delegacia. Além disso, a carta pode ser suspensa por 1 ano. Fora, a prisão de 6 meses a 3 anos. Embora o número de acidentes tenha caído, em média, nesse ano, pouco tem adiantado. Segundo o Departamento de Estrada e Rodagem (DER), o número de colisões de pessoas embreagadas ao volante aumentou em 63%, só nesse ano (e 2017 ainda nem terminou), registrando-se 16 mil cidadãos autuados no Brasil todo. Porém, o que mais chama atenção é o dado do Ministério da Saúde, onde: 7,3% das pessoas adultas admitiram, em 2016, que pegam a chave do veículo após consumirem álcool. E o pior: Um aumento de 32%, em relação ao ano anterior, que tinha sido de 5,5%. Todo esse absurdo é confessado na maior "cara de pau" mesmo. Sabe por que? Para essa sociedade de valores invertidos, que vivemos hoje em dia, não adianta apenas crescer no valor da multa ou tirar pontos da habilitação e afins. Além dos alertas, é preciso ir além: Mexer, de fato, na lei. Muitos desses bêbados quando acertam em cheio a outros seres humanos, fogem sem prestar o devido socorro para as vítimas ou desrespeitam/debocham dos fiscais de trânsito, que aparecem no local do acidente. Basta ver reportagens de tv ou assistir vídeos via Youtube para observar o quanto esses idiotas acham "graça" e não estão nem aí com a vida alheia. E quando são levados a DP, ficam pouquíssimas horas, apenas aguardando a chegada do Advogado. No máximo que acontece, é prestar um rápido depoimento ao Delegado de plantão e pagar uma fiancinha de R$2,9 mil. Pronto. Considerado "apenas um crime culposo" (quando não há intenção de matar), logo são liberados e respondem em liberdade o processo. A legislação precisa ser mais dura, sem brechas e os julgamentos ocorrerem de forma mais rápida/eficaz. Se não, dificilmente alguma norma vai "pegar"...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Picanha incomestível...

Dificuldade esperada...

Semelhanças e contrates...