Por que o ETA terminou?


Hoje, os jornais da Espanha estão repercutindo fortemente o pedido de desculpas que o grupo terrorista ETA fez aos espanhóis por ter matado um monte de gente inocente em seus seus ataques. Na verdade, esse é o fim do grupo. E o que todos se perguntam, é o por que dessa clemência vir só agora? Antes das respostas, vale a pena recontar a história dessa que foi a maior célula terrorista hispânica e uma das mais expansivas do mundo. Fundado em Julho de 1959, o seu objetivo era tirar o General Francisco Franco do poder espanhol. Com a morte do ditator fascista, em 1975, a sua companhia passou a brigar pela independência de Bilbao (que é o País Basco) do resto da Espanha. O que nunca conseguiu de fato. Embora, o País Basco tenha sistema de Polícia e educação próprio, jamais conseguiu se livrar do Norte da extrema península ibérica e do Sul da França. E por não conseguir ser separatista de direito, que o Pátria Basca e Liberdade (ETA) cometeu 3600 atentados, matando mais de 800 pessoas e ferindo 16 mil, de acordo com o governo basco. 193 desses mortos e mais 43 machucados foram pelas horrendas bombas atiçadas no metrô de Madrid, em 11 de Março de 2004. Segundo o documento do Ararteko (equivalente ao nosso direitos humanos), a organização ainda ameaçou 42 mil cidadãos, entre empresários e trabalhadores. Além de políticos e Policiais opostos ao regime. Ainda, segundo a UFV (Universitat Politécnica de Valéncia), o grupo lucrou 95,6 milhões de euros (aproximadamente 1,3 bilhões de reais), em todos esses conflitos. O que possibilitou indenizar 3421 vítimas, ao longo do tempo. Aliás, ao longo de décadas foi que o conjunto começou a se enfraquecer. Daí, sem apoio populacional e parlamentar, e com suas finanças instáveis, o grupo se dissipou. Dos 3800 militantes que tinham, hoje não passam de 20. O seu último atentado contra vidas foi no dia 30 de Julho de 2009 em Mallorca e ato terrorista foi em 16 de Março de 2010, com o único falecimento de um Policial francês na história de terror do ETA. Jean Serge Nérin foi à lona através de um lamentável tiroteio. Seis meses depois, veio o cessar fogo (acordo de paz) com as autoridades. O que levou mais 4 meses para ser promulgado. Em Abril do ano passado, os terroristas mostraram seu depósito de armas e entregaram todas. Ainda há 300 meliantes detidos ao redor da própria Espanha, França e Portugal e entre 85 a 100 foragidos da justiça francesa por crimes ligados ao terrorismo. É importante lembrar também, que o surgimento e expansão de outras forças, como o Estado Islâmico, fizeram o ETA se desaparecer. Outra coisa, o blogueiro leu recentemente o livro Gestão Emocional (e recomendo), escrito pelo excepcional Psiquiatra, Augusto Cury. Cury, fala na obra, que um dos apelos para uma organização criminosa crescer e ruir, é a conquista emocional, sentimental de seu povo. E cita o Império Romano como exemplo de influência que surge e perde terreno. Foi o que aconteceu com essa célula basca. Daí, o pedido de perdão. Por esses e outros fatores, que no próximo mês, o Pátria Basca e Liberdade deverá, finalmente, anunciar o seu fim. O que, todavia, não significa que a Espanha estará livre de regiões separatistas e nem o mundo do terrorismo. No entanto, a sua queda definitiva é um marco para a história mundial.

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