Lateral: a posição mais carente do futebol mundial...


Domingo, será realizada a final da Copa de 2018. Franceses e croatas deverão fechar com "chave de ouro" um Mundial muito bem jogado. Se as partidas dessa edição não trouxeram nenhuma novidade ou invenção tática, estratégica, técnica e emocionalmente foram bastante disputadas e de alto nível. Se não foi altissimo pela decepção de tradicionais e grandes seleções, por outro lado as pequenas ou médias deram um "caldo" legal. Tanto coletiva quanto individualmente. A melhor delas, Croácia, do excepecional Modric, está na decisão. Só que a Copa da Rússia revela um defeito claríssimo de anos e anos no futebol mundial: A falta de ótimos laterais direito e esquerdo. Se há muitos bons, excelentes ou baitas goleiros, zagueiros, meio-campistas e atacantes, a ausência de laterais talentosos é algo que chama a atenção, gritante. Na grande maioria das 32 seleções que iniciaram a competição ou das que ficaram de fora ou em clubes (seja daqui do Brasil ou do exterior), planeta a fora, os jogadores dessa posição são medianos, no máximo bonzinhos ou improvisados pra "quebrar um galho" do setor. Inglaterra e Bélgica, que farão o 3° lugar amanhã, sofreram muito em seus sistemas táticos e idem pela ausência de excelentes laterais/alas. Pavard, Hernández, Vrsalijko e Strinic foram os mais regulares dessa Copa. Tanto defendendo quanto atacando. Não a toa, são os das 2 finalistas. Embora, França e Croácia chegaram a decisão por vários outros motivos, também. Porém, por que ocorre esse vazio, carência no mundo?? Boa parte da explicação pode estar no fato de que os europeus passaram a construir mais as suas jogadas pelo meio, através do toque de bola, enquanto o brasileiro e sul-americano fez o caminho oposto. Isso significa que os laterais que iam pra Europa passavam a jogar praticamente apenas de defensores, na linha de 4. Se a características deles era mais ofensiva, iam pra meia direita ou esquerda, mais adiantado, obviamente. No Brasil e na América do Sul, eram os "desafogos" dos times, que faziam vários e excessivos cruzamentos pra area (os chamados "chuveirinhos") e marcavam mal. Apesar dos exportados Daniel Alves e Marcelo serem os melhores do mundo no setor, esse foi um dos inúmeros motivos para a brusca queda de qualidade do futebol tupiniquim e do continente. Além do crescimento na Europa. Aos poucos, devagarinho, isso vem mudando no Brasil. Começou com Mano Menezes, em 2008 no Corinthians, cujo seu sucessor Tite continuou. Após o 7×1, quem teve mais sucesso com o jogo armado e desenvolvido pelo meio foi o Grêmio, de Renato Gaúcho, Campeão da Libertadores ano passado e que está fazendo um belo trabalho. Reinado Rueda, havia conquistado a mesma competição e chegou a Final da Sul-americana (aquela que honrosamente entregou o título pra Chapecoense logo após o terrivel desastre) pelo colombiano Atlético Nacional, em 2016. Com tantos atletas importados ou oriundos de suas categorias de base, a Europa também está mudando o seu pensamento e cultura, e liberando mais os seus Laterais. O Zagueiro sérvio Ivanovich, improvisado na Lateral Direita, foi destaque assim no Cheasea. Alba, mesmo em má fase no Barcelona e na Espanha, é acima da média. Carvajal, tri Campeão da UCL, em Maio, pelo Real Madrid e que a ocupa a destra na Espanha, é um dos que estão evoluindo. Todavia, ainda é muito pouco. A posição é fundamental, não apenas na marcação ou "válvula de escape" (olha, que até nisso, muitos ainda falham feio), mas também uma forma de elaborar tramas ofensivas e cruzamentos. Aliás, nos cruzamentos mal executados estão outra boa parte da contextualização: Fora os defeitos técnicos, o que tem de bola cruzada na linha média, é um absurdo. Pode até dar certo, mas a chance é ínfima. Por exemplo, o razoável português, Raphael Guerreiro, na eliminação diante do Uruguai, via Oitavas-de-Final: Ele acertou no gol de cabeça do Pepe, mas errou todos os outros. A bola saiu ou a excelente zaga celeste tirou bem facilmente. Notem que difícil ou raramente ocorre um cruzamento ou até passe da linha de fundo que encontra o atacante em boas condições de finalizar. É verdade que o papel da defesa é mesmo dificultar ou cortar e que o avante precisa estar bem colocado. Ontem, em Moscou, a Fifa se reuniu pra fazer um balanço do Mundial e concluiu que dos 161 marcados até aqui nessa edição, 19 nasceram em bolas paradas. O que da em média de 1 a cada 30 tentos dessa forma, enquanto na última Liga dos Campeões foi 1 para 45. Ok, mas na verdade, até aí não há nenhuma novidade. Ainda que muitos tenham sido com a contribuição do VAR.  Entretanto, seria interessante os clubes estimularem e revelarem com maior frequência esse tipo de jogador e as equipes trabalharem melhor seus laterais/alas e suas jogadas pelas pontas. Ultrapassagens, tabelas, triangulações, inclusive para se chegar ao fundo, seriam boas pedidas. Alas, jogam mais avançados, mas precisam voltar e fechar os espaços. Já os laterais, marcam e precisam saber o momento certo de avançarem e atuarem no campo ofensivo. Deveriam ser melhores aperfeiçoados tecnicamente. Espero que o congresso da Fifa tenha relatado isso também...

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