A tradição e a "surpresa": será que a grana pesa mais?


A cada dia, o mundo tem mudado freneticamente. E o futebol, não poderia se ausentar dessa redoma. Baseado nisso, uma das mudanças do "mundo da bola" (na elite, é bom deixar claro) foi a entrada de milhões ou até bilhöes de dinheiro na conta de jogadores, técnicos ou de alguns times deste planeta. Dessa forma, atletas, treinadores e clubes passaram a receber cada vez mais cifras astronômicas, nos últimos anos.
A Fifa e a UEFA dizem exigir cada vez mais o Fair Play financeiro das agremiações (falam que vão punir os clubes que gastarem mais do que comportam as suas receitas no futebol), para não haver "desequilíbrio técnico" nas competições. No entanto, dirigentes como: O ex-presidente da Uefa, Michel Platini, da Fifa, Josef Blatter e da CBF, José Maria Marin, foram banidos e/ou estão presos e condenados por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas. Aliás, suspeitas que recaem também sobre vários donos de clubes.
Há os ricões históricos, tipo: Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Bayern de Munique e outros, que se juntaram a algumas temporadas. Assim, instituições tradicionais, porém sem muitas conquistas, como: Chelsea, Paris Saint Germain e Manchester City foram, simplesmente, comprados a preços estratosféricos por magnatas endieirados. Seja mandatário de startups, artigos de luxo ou seja até dono de petróleo, obviamente com direito a elevadíssimas ações nas bolsas de valores, fazem do esporte mais popular da Terra "apenas" mais um de seus inúmeros negócios.
Vale a pena alguns dados: Roman Abramovich, empresário russo e dono de startups, comprou "só" o Chelsea por 100 milhões de euros, equivalente a R$454 milhões, em 2002. E sendo que, segundo a revista Forbes, a fortuna dele é de 9 bi dólares (R$28,46 bi). Já o do City, o xeique Mansour Bin Zayer Al-Nahyan junto com a família real dos Emirados Árabes, estima-se que possuí nada menos do que 1 trilhão de dólares (R$3,16 tri ). Ele obteve 100% dos citizens em 2008, por 210 mi de libras (R$890,32 mi). E o xeique catariano Nasser Al-Khelaifi, através de sua agência Oryx Qatar Sports Investmens (QSI), adquiriu 100% do PSG em 2011. Não há números oficiais sobre a bagatela dele, mas colocou 50 mi de euros por 70% do clube e os outros 30%, foram concluídos no ano seguinte. Não a toa, achou até "barato" quando conseguiu levar Neymar, em 2017, por 222 mi de euros (R$822 mi). Neymar assinou por 5 temporadas com os franceses e desde então, é o jogador mais caro de todos os tempos do futebol mundial. Além de ser o "garoto propaganda" da Copa de 2022, cuja será disputada, adivinham?! No Catar, obviamente.
Entretanto, todavia, contudo, ainda assim, a grande questão é se tudo isso farão desses times novas potencias dentro das "4 linhas". Exceto o Chelsea, que ganhou a Champions League 10 anos após a sua compra, em 2012, PSG e City faruraram, no máximo, Campeonatos locais. Os parisienses não conseguem sair das quartas de final e os ingleses só conseguiram ir até as Semis, em 2016, quando pararam no Campeão Real Madrid. Na última 4°-Feir, num jogo épico, caíram em casa diante de um outro inglês: O Tottenham. Aliás, vale a pena destacar os spurs, cujo inauguram o seu recém estádio, a menos de duas semanas atrás, contra o mesmo City, na partida de ida das quartas: Mesmo sem o famoso name rights, o Tottenham Hotspur Football Stadium custou em torno de 1 bi de libras (R$5 bi), com capacidade para 62 mil pessoas e levou cerca de 4 anos pra ficar pronto. É tão moderno e multiuso, que foi projetado até para partidas da NFL (Liga de Futebol Americano). O Enic Group controla 85% das ações do clube, que fica somente com os 15% restantes. Desde os anos 90, o dono de vários artigos de luxo e de uma boate na capital londrina, Joe Lewis, é o proprietário do clube. Aliás, é uma das pouquíssimas agremiações da Premier League onde o magnata é um inglês. Porém, como mora no Caribe, deixa o "braço direito" da Tavistock Group, Daniel Levy, gerir a instituição.
Não têm muitos títulos em campo, sendo o último deles a 27 temporadas atrás, a única Supercopa do país em sua galeria, em 92. O time atual pode até estar surpreendendo bastante gente, mas é excelente e merece chegar a semifnal de UCL. O argentino Maurício Pochettino faz um regular e consistente trabalho a 6 temporadas no comando da equipe. Tem um boa defesa, com Lloris, Trippier (que evoluiu na lateral direita), Alderweireld, Vertonghen e Rose. Além da proteção de Sissoko, Wanyama ou Dier. Marca bem. Eriksen e Dele Alli são muito bons jogadores. E na frente, mesmo sem o contundido Harry Kane, ataca ou contra-ataca com Lucas e Son, de maneira precisa e letal. Ainda tem Llorente, autor do gol que deu a vaga contra o Manchester, no banco.
Por isso, nos próximos dias 30 e 8 receberá e visitará o Ajax, na Amsterdam Arena, nessas Semi-Finais. Os godenzonens, por sua vez, são mais tradicionais: Além de vários triunfos, venceram 4 vezes o torneio e desde 97, não estavam entre os 4 melhores. Portanto, há 21 anos não chegavam tão longe. O holandês Erik Ten Hag faz o seu conjunto atuar num 4-3-3 ou 4-1-2-3, com muita intensidade, troca de passes, movimentação, deslocamentos constantes e precisos e compactação. Marca muito bem por pressão ou mais recuada e principalmente, deixa o seu time jogar da mesma maneira em casa ou fora. Os destaques são: O seguro goleiro Onana, o zagueiro De Ligt (que fez o tento da virada e classificação, em plena Allianz Stadium), os Armadores Van De Beek (que marcou o gol de empate diante da Juventus) e De Jong (já vendido caríssimo ao Barcelona) e especialmente, o trio de atacantes, com os habilidosos Ziyech e David Neres e o centroavante-pivô Tadic. Ainda tem o veterano Huntelaar no banco. Chama atenção a jovialidade deste bom time, com apenas 24,3 de média de idade.
Assim como entre Liverpool e Barcelona não há favorito, nessa Semi também não existe. Mas, nenhum dos 2 estão entre os ricões citados no texto ou considerados entre os mais poderosos do futebol mundial. Então, a dúvida que fica é: Será que a grana vale mais? Qual a tendência do futebol mundial, daqui pra frente: Os milionários ou bilionários times dominarem tudo ou a tradição e até a considerada "zebra", ainda que bem estruturadas, pesarem mais? Essa é a tônica da inesperada semifinal entre Ajax e Tottenham...


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