O ressurgimento da Itália: o futebol agradece...


É quase unânime que o que encantou o mundo nesta Euro, foi o futebol da campeã Itália. Após anos de baixa e fora da Copa de 2018, os italianos retornaram com tudo. Mas, a pergunta cuja paira no ar, é: de onde vem todo esse ressurgimento "das cinzas"? 
O futebol é repleto de nuances, porém há coisas que necessitam ser observadas com a devida atenção. Primeiro, a Lei 687/2005, conhecida como "Lei Beckham". Sim, do ex-jogador famoso e empresário influente, David Beckham. David, desembarcou no Real Madrid em 2003 e 2 anos depois, o governo espanhol criou o decreto que beneficia clubes e empresas sobre impostos de grandes quantias. 
Os primeiros 600 mil euros ganhos anualmente por cada instituição, podem sofrer descontos de 24% sobreo fisco espanhol. Acima disso, a redução pode chegar a 45%. Isso no máximo em 5 temporadas. 
Beckham, teve uma passagem aquém das expectativas em Madrid, mas a lei "pegou" e foi adaptada por alguns vizinhos europeus. 
A Itália resolveu fazer isso no país em 2018 e 2019 - não, por acaso, logo após a ausência da Copa da Rússia, no futebol. O "modus operandi" na pelota era da seguinte forma: a cada metade dos pagamentos realizados pelos clubes, sofre um decréscimo em torno de 40% na alíquota. Isso, desde que o profissional permaneça na agremiação por, pelo menos, 2 primaveras. 
Cito o exemplo cujo o blog pesquisou: Antonio Conte, recém-campeão Italiano e que deixou a Inter de Milão, custou entre 13 e 14 mi de euros por temporada. Antes do decreto, giraria de 20 a 22 mi de euros. Conte ficou exatamente 2 temporadas na equipe nerazzurri. 
Além disso, os clubes ainda precisam depositar uma quantia de 0,5% na formação de novos "boleiros". E os do Sul do país, originalmente mais pobres, têm uma alíquota em torno de 50%. Ou seja, 10% acima dos demais. 
Então, isso facilitou na aquisição de novos jogadores (inclusive, do exterior), reforma da base e remodelagem do jogo praticado nos campeonatos nacionais. 
É bem melhor e levado mais a sério do que "Profuts da vida", cujos só alimentam dirigentes amadores, no Brasil. Se não fossem por políticos demagogos, populistas e até desonestos, vários clubes brasileiros já teriam despencado e não só pra Série "B". Ou, teriam até falido, como o tradicional Parma, na "terra da bota"... 
Só que o clube "presunto", regressou, progressivamente, da Série "D", em 2018 e hoje está na divisão de elite do Calcio Italiano. Para a volta do imparável Buffon, anunciada recentemente, teve de pôr a casa em ordem. 
A Fiorentina, é outra tradicional, cuja decretou falência e chefiou até a mudar de nome. No entanto, quando voltou as atividades, já o batismo original, na Série "C", subiu no campo e atualmente está na Série "A". 
As ligas do país passam por transformações retumbantes e recentes. Principalmente, a Série "A". Lembrando que somente agora, os estádios europeus estão voltando a receber público. 
Agora, isso não impediu, por exemplo, a Allianz de batizar a arena da Juventus, principal clube do país, com "rios de dinheiro". Assim, a "velha senhora" pôde contratar e pagar milhões a "joias", como Cristiano Ronaldo. Além de disputar ferrenhamente diante do Real Madrid o retorno de Pogba e ainda está no "froint" pelo técnico Zidane. 
Equipes, como Milan e Inter, são geridas por conglomerados, do tipo: EMC e Suning, respectivamente e com ações até em bolsas de valores. A Roma, fez festa esses pra apresentar Mourinho. A arquirival Lazio, está no páreo e até outros clubes menos expressivos, como a Atalanta, se fortalecem. 
A base também não está sendo deixada de lado. Jogadores, tipo Locatelli, Berardi e Raspadori, campeões no domingo, pertencem ao "minúsculo" Sassuolo, por exemplo. Aliás, o Sassuolo fez uma boa campanha, em 8° lugar, da última Série "A", por sinal. Até a Internazionale, tão questionada por "excesso de estrangeiros" em seus elencos, conta com o zagueiro, Bastoni e o meio-campista, Barella, também campeões no domingo. Aliás, a grande maioria dos 23 presentes em Wembley atuam no próprio país.  
Na recém-temporada, encerrada em Maio, pela 1° vez, o Calcio passou da marca de 1 bi de euros, arrecadados em transferências de atletas. Segundo sites conceituados, como o Transfemarket, hoje, a Série "A" italiana é a que mais fatura, dentre as grandes ligas nacionais do mundo. Isso, sem falar dos milhões das transmissões, publicidade... 
Entretanto, para ter sucesso, o futebol italiano urgia mudança de mentalidade, visando também o jogo praticado nos gramados. É importante mencionar que isso também contou com a compreensão e apoio da mídia e torcida local. 
A consistência defensiva é primordial e notável, mas precisava ser mais vistoso, agradável, sair do arcaismo. A segurança é essencial, porém correr riscos ofensivos também é vital. Pra se ter ideia da "nova filosofia", o Campeonato Italiano, cuja nunca chegava a média de 3 gols por jogo, no último certame alcançou 3,06. É a média mais elevada, dentre as principais ligas nacionais do planeta. 
Aí, a Federação da Itália optou por colocar o técnico Roberto Mancini. Vitorioso em passagens por Inter de Milão e Manchester City, Mancini, inseriu uma comissão técnica de relevância ancestral. Aliás, para se ter uma dimensão da relevância, ele alocou ex-companheiros, como o artilheiro da inesquecível Sampdoria de 91 e 92, Vialli, em seu quadro de auxiliares.  
É claro que precisa de mais tempo pra avaliar os impactos do Fair Play financeiro e "nova filosofia" italiana, mas a conquista da Itália, não foi ao léu. Pelo contrário. Em vez da corrupção de 82 e 2006, ainda que terminado em 2 canecos Mundiais, a conquista dentro de Wembley, mostra que um trabalho bem planejado, sério e de qualidade, pode gerar boas colheitas. Cedo ou tarde. 
Aliás, apesar dos sucessos, sobretudo, nos anos 80 e 90, os 4 títulos Mundiais e a Eurocopa de 68, era estranho ver um país admirado por sua beleza, arquitetura, moda, gastronomia, jogar um futebol tão feio. Segundo poetas, como Pasolini e cronistas, antes era a da "prosa". 
No entanto, a ousadia chegou e o futebol impregnado, agradou. Por isso, o mundo inteiro celebrou tanto a sua conquista e ressurgimento, no domingo. 
Tomara que o Brasil aprenda algo de útil, pois o futebol agradece... 

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