Guerra comercial e de poder...


Sábado, quando o Brasil ganhou o bicampeonato no futebol olímpico masculino, o blog não se ligou para uma coisa importante: mesmo com o bonito gesto dos jogadores de não aceitarem a imposição do COI, que só queria entregar medalha pra 18 atletas, mas os 22 acabaram levando, eles não usaram a roupa oficial do COB na premiação. 
A questão é a seguinte: a CBF, tem contrato com a Nike. O mesmo, vale pro Comitê Olímpico Brasileiro em relação a chinesa Peak. 
Segundo seu balanço de 2020, a Confederação Brasileira de Futebol angariou mais de R$365 mi só de publicidade. 55% dos R$665 mil obtidos em todo o ano passado. Segundo estimativa de bastidores, apenas da marca americana, são, mais ou menos, R$150 mi por temporada. Isso, até 2025, quando chega a incríveis 30 anos do acordo. 
Já o COB, obriga os 301 atletas brasileiros, das 29 modalidades enviadas a Tóquio a usarem o uniforme da Peak. Principalmente, na Vila Olímpica, viagens, cerimônias de abertura e término. Só que, logicamente, o foco seria mais acalentado no pódio. 
Na Rio 2016, como o COB era bancado pela Nike, da Confederação, não houve problema algum. Agora, o Comitê Olímpico Brasileiro declarou que irá processar a CBF. Mas, isso esconde um outro fato importante e desentendimento secular, comercial e de poder: o próprio COI com a Fifa. 
Como a Copa do Mundo concorre com as Olimpíadas, pra ver quem fatura mais e é melhor influenciador, a Federação Internacional de Futebol trava uma guerra com o Comitê Olímpico Internacional. Parece interminável. 
É como se as duas não pudessem ceder terreno, diante do capitalismo bruto da elite esportista e mundial. Por isso, já se falou por várias oportunidades, em retirar o futebol dos Jogos Olímpicos. 
Daí, as equipes de aspirantes ou sub-23 (este ano, foi sub-24 pra corrigir o ano de atraso dos Jogos). No feminino, por muito menos apelo, não há uma palavra ou movimento nesse sentido. Porém, no masculino, é como se os jogadores não pudessem se "desfocar da Copa do Mundo". 
Em vez de solucionar o impasse, Fifa e COI, não somente perturbam o futebol, mas outras modalidades, também: diferentemente do skate, surfe que estrearam nesse Jogos de Tóquio e, inclusive, deram medalhas ao Brasil e do breakdance, cujo se iniciará em Paris 2024, esportes como futebol de areia e futsal, praticamente, não são nem mais cotados. 
Mesmo cumprindo exatamente todos os requisitos. E são esportes em que, seguramente, poderiam colaborar na evolução do Brasil no ranking olímpico. 
Pela demanda do COI, é vital que a modalidade seja federada no exterior, siga a risca a carta olímpica e seja exercida, pelo menos, em 75 países e 4 continentes. Isso, entre os homens. Já pras mulheres, 40 nações e 3 continentes diferentes. 
Pra se ter noção, o futebol de areia foi originado em 1992 e, atualmente, é praticado nos 5 cantos do mundo. Principalmente, dentre os homens. Desde 2005, o beach soccer, cujo é o futebol de praia foi adquirido pela Fifa e o Brasil, ganhou a grande maioria dos campeonatos. 
Das 20 Copas do Mundo jogadas até hoje, o Brasil faturou 14. 5 apenas sob tutela da Fifa. Acima do que qualquer outro país. A modalidade chegou a ser inclusa nos planos pra Rio 2016, mas ficou só na promessa. 
Já o futsal, é bem mais antigo: desde 1934 e em 89, começou a ser gerido pela Fifa, sendo que em 92, a Copa do Mundo passou a ser de 4 em 4 anos. Coincidentemente ou não, como no futebol de campo. 
Assim como na praia, o Brasil é o maior vencedor. Só das 8 edições da Copa do Mundo Fifa, 5 títulos Canarinhos. No entanto, apesar da prática de mais de 170 países e de apelos constantes e primordiais, como o do ex-craque, Falcão, o COI nunca levou a sério. 
Sábado, no infortúnio da CBF com o COB, a Fifa, simplesmente, "lavou às mãos". Lembrando, que a CBF é "carne e unha" com a Fifa. Assim como o COB com o COI. 
Alguns, incluindo a Bíblia, afirmam que o dinheiro é o principal mal da humanidade. Essencialmente, em demasia. Por conseguinte, não há "santo" ou "santinho" algum nessa história toda. Há, sim, lamentavelmente, muito "caroço nesse angu". 
Nada mais, nem menos do que uma guerra comercial e de poder... 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Picanha incomestível...

Dificuldade esperada...

Semelhanças e contrates...