Será que o Cuca merece a seleção?

Foto: Jhony Pinho/Agif - Agência de fotografia/Estadão conteúdo  

Como jogador, iniciou a trajetória no Santa Cruz (RS), em 84. Só que o seu auge, foi em um dos maiores clubes da região: o Grêmio. No tricolor, o jovem franzino fez o gol que deu o caneco da Copa do Brasil aos gaúchos. Foi em 89, na vitória de 2×1 sobre o Sport. Chegou e atuou numa partida pela seleção. No entanto, às várias lesões o fez abandonar os gramados, ainda cedo. Aos 33 anos, o paranaense, mesmo torcedor declarado do Athletico, encerra sua carreira no Coritiba, em 96.
O apelido do então perspicaz atacante, não veio por acaso: como ele mesmo próprio admite, "era muito agitado, desde a infância." Tanto que 2 anos após parar de jogar e formado em Educação Física e Ciência do Esporte, já assumiu a função de treinador. À frente do Uberlândia (MG). 
Só que sua notoriedade, começou a pintar em 2003, no Goiás. Largou o comando do Paraná, onde fazia uma ótima campanha no Brasileiro e tirou o Goiás da lanterna. Mesmo muitos considerando uma "loucura" a troca de clube, ainda levou os goianos a Sul-Americana.
Aí, se tornou mais conhecido nacionalmente. No ano seguinte, levou jogadores, como Fabão, Josué, Danilo e Grafite do Goiás pro São Paulo. Formando assim a base da equipe que virá a conquistar a Libertadores e o Mundial do ano seguinte, com Autuori. 
Entretanto, mesmo com a experiência de ex-atleta e formado em cursos no esporte, como qualquer profissional, passou por insucessos. O 1° e, certamente, o mais chancelado, foi no Grêmio, o mesmo de suas glórias como jogador. Em 2004, chegou nas últimas rodadas e não conseguiu evitar a queda do tricolor gaúcho para a Série "B". Depois, treinou o Flamengo, agremiação que dara o 1° título, em sua carreira como treinador. Só que ainda assim, isso, cujo foi o Carioca, veio somente em 2009, em sua 2° passagem pela Gávea. Ou seja, na prática, demorou bastante. 
Mas, talvez, o seu grande feito - não apenas daquele ano, mas de sua carreira, foi livrar o rival Fluminense da Série "B". Com o clube tendo 99% de chances de rebaixamento, mesmo em um elenco recheado de jogadores, como: Fred, Conca, Thiago Neves, Alexi Stival conseguiu comandar uma série de vitórias e na última rodada, diante do Curitiba, não só livrou o tricolor carioca da segundona, mas ainda obteve vaga na Sul-Americana. Além de ser finalista, com o time, na própria Sula de 2009.
Alexi, em sua grande maioria das passagens nos clubes, mostrava ótimos repertórios táticos, deixava equipes muito bem estruturadas e sabia lidar com atletas e funcionários. Todavia, a queixa de diretores, torcedores e opinião pública, era sempre a mesma: o excesso de pessimismo e raiva nos momentos ruins. Principalmente, diante de confrontos decisivos. Daí, a maioria de suas demissões. 
Foi o que ocorreu, por exemplo, no Cruzeiro, de 2010. Na reta final do Brasileiro daquela temporada, disputava o caneco com o Fluminense e com o Corinthians. Após a derrota por 1×0 contra os paulistas, sobre um penâlti esquisito marcado em cima do Ronaldo fenônemo, cujo ele mesmo fez o gol, Stival, socou a mesa na entrevista coletiva depois do duelo. 
Em 2011, levou a raposa a fazer a melhor campanha da 1° fase da Libertadores. Só que sucumbiu o nervosismo nas oitavas e, logo, caiu da competição. Sua estadia na Toca da Raposa só não totalmente frustrante, porque veio o 2° título de jornada: o Mineiro, de 2011. 
Todavia, talvez, o que o marcou mais negativamente foi a derrota da final da Taça Guanabara e a perca do Carioca de 2006 pro Flamengo. Sob sua liderança, com o elenco todo na coletiva pós jogo, foi tanta reclamação contra a arbitragem, que até hoje, tocedores rivais o ironizam, chamando de "chororô". 
No mesmo alvinegro de Jefferson, Lúcio Flávio, Dodô, no ano seguinte, ele conseguiu liderar quase o 1° turno completo do Brasileiro. Só que a derrota pro São Paulo, cujo disparou na tabela e foi campeão, o seu time se perdeu. Nem a vaga pra Libertadores, conseguiu. 
Contudo, sua qualidade pra montar e arrumar times, na formação de jovens e domar "estrelas" e veteranos, não poderia ser desperdiçada. Sua visão prática e diferenciada, não poderia se esvair por nada. Fez das lágrimas, sua força motriz, para atingir pilares mais elevados no futebol. Da crença visivel no catolicismo e "superstições místicas", coragem para superar doenças fortes e persistir. Não apenas no futebol, mas também na vida. Aliás, até escândalo sexual, em 87, cujo nada ficou provado contra si, por sinal, venceu. 
Com o aprendizado de várias passagens por clubes brasileiros e pelo chinês, Shandong Luneng, obteve a independência financeira. Mas, não só isso: teve mais alguns troféus. 
Em 2016, com o então novato, Gabriel Jesus, pôde tirar o Palmeiras da fila de 22 anos sem títulos do Campeonato Brasileiro. Mesmo que sem o brilho na temporada seguinte, já em sua 2° passagem. 
No Santos, teve 3 idas e vindas: na 1°, em 2008, não deu certo. Dez anos depois, na 2°, tirou o time da degola e assegurou a Sul-Americana. Entretanto, na de 2020, o seu maior feito no clube: liderados por Marinho e Soteldo, adicionada a garotada da base, alçou a final da Libertadores, cuja foi este ano. 
Porém, talvez, o clube mais marcante em sua carreira, seja, justamente, o atual: o Atlético Mineiro. Em 2013, levou a batuta de Ronaldinho Gaúcho, da então revelação Bernard, dos experientes Josué (que ele tinha importado do Goiás pro São Paulo), Tardelli, Leonardo Silva (que hoje trabalha nos bastidores do clube) aos troféus Mineiro e da Libertadores. Além do próprio Mineiro deste ano e do Brasileirão Assaí, na última quinta-feira. Brasileiro, por sinal, somente 5 décadas depois do então único caneco do clube na competição, em 71. Será que Alexi Stival é um especialista em tirar instituições do jejum de taças? 
O galo atual tem grana elevada de mecenas, como Menin mesmo, mas é um time que se defende muito bem, com segurança e compactação. Só que não deixa de  ofensivo. Muito mais do que apenas um "Cucabol", somente com "chuveirinhos" pra área adversária, de qualquer maneira, como críticos o denominaram, em alguns momentos, de seus trabalhos. 
Além do jogo aéreo e das bolas paradas, há muita movimentação, deslocamento, volume, troca de passes precisa. Sem perder a organização. É um "galo doido", no momento certo. Seja no 4-4-2, 4-2-3-1, 4-2-1-3. O time é excelente, está muito bem encaixado e todos sabem o que fazer. Ninguém corre "a toa."
Na direita, Mariano ou o suplente Guga, além de marcar, tem apoiado bem. Na esquerda, Guilherme Arana, simplesmente, voa. Além disso, de forma técnica, contribui na armação. Dodô, o substituiu muito bem, quando estava na seleção. 
Nacho, de passes curtos e longos, dá o fino toque no meio. Zaracho, Keno ou Savarino, também ajudam o meio-campo e, principalmente, servem Hulk e Diego Costa. Se Hulk e Diego, melhorarem o já preciso entrosamento e tiver mais um armador, a equipe ficará ainda forte, em 2022. 
Jair e Allan, tem um bom passe pra volantes, mas marcam e protegem melhor a defesa. Everson, com sua segurança, tem evoluído no gol e Nathan Silva e Alonso (capitão), hoje, é a melhor dupla de zaga do país. 
O técnico, que domina o vestiário do galo e é aclamado pela torcida e por dirigentes, é o melhor brasileiro no momento. Além de ser o principal da história do galo. Mesmo ainda com suas superstições, parece ter superado os gargalos e idiossincrasias. 
Será que Cuca merece ser o técnico da seleção? Tite ficará até o fim de 2022, na Copa do Catar. Depois, segundo fontes da CBF, não renovará seu contrato e sairá. Seja qualquer for o resultado. Mas, depois, não deveria ser a vez do curitibano, que, hoje, tem 58 anos de idade?

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