Será que aprendemos algo?

Foto: Petr David Josek/AP.

Na célebre derrocada de 7×1, em 2014, o mundo, assustado, desvendou o quão atrasado estava o futebol brasileiro. Desse susto e indignação, nos perguntamos e martelamos, sem parar: "como pode uma seleção "pentacampeã" do mundo cair tão drasticamente? Por que o único país que participou de todas as Copas e o maior vencedor do planeta, tomou um chamado chocolate tão elementar e simbólico, dentro de sua própria casa? Quais os fatores que designaram a isso? Por que?

Surpresos e atônitos, logo, perdoamos o "Maracanazo" de 50 e a culpa em Barbosa (que já havia nos deixado), para descarregar todo o sofrimento diante dos alemães (que vira a levar o troféu, daquela edição). O assunto, claro, passou a ser esse. Traduzida, a partir de então, como a "pior tragédia da história do futebol tupiniquim". 

Ao mesmo tempo, "o que fazer para superar isso"? "Como fazer para prevalecer sobre essa mancha de nossos dias? De que forma, a derrota mais histórica, poderia fazer o Brasil evoluir e emergir, novamente, no caminho dos trilhos?

Se mesmo para quem não acompanha muito o futebol, o desastre da seleção brasileira, foi visto com estranhamento. Mas, será que foi tão "surpreendente", assim? Não era uma prenúncio ou "tragédia anunciada", como se diz popularmente? 

Essa conversa e enfoque volta à tona, agora, 8 anos depois, em outra eliminação de Mundial (dessa vez, pra Croácia), porque as indagações continuam as mesmíssimas. Portanto, as respostas parecem mais insolúveis do que solúveis e concretas. Repito: será que aprendemos alguma coisa?

As críticas colaborativas ao técnico precisam ser postas. Uma das construtivas e importantes, é levar 9 atacantes, pro Catar. Esvaziando o meio-campo, com poucos criadores, armadores. Só que é um setor, onde o futebol brasileiro (não apenas a seleção) padece, há, pelo menos, 20 anos. Coincidentemente ou não, quando ergueu a sua última Copa do Mundo. Aí, a exemplo de 94, ano que saiu com o "tetra", chegará a 2026 com o seu maior "jejum" de canecos Mundiais: 24 anos ou mais de 5 Copas seguidas. 

Tite, já deixou o cargo. Todavia, adentro da bisbilhoteira discussão sobre "quem será o próximo treinador (?)", ou a "nacionalidade" ou o "perfil", a mídia deveria abordar o melhor o método de jogo praticado no Brasil. Além de outras triagens ou detalhes, desde que importantes. Sem ficar, histericamente, "caçando bruxas" e nominando, "heróis" e "vilões", a cada dia. Como se eles não fossem humanos e infalíveis. O mesmo vale pro público. Aliás, o futebol é o tema mais vital das nossas vidas? A audiência e faturamento comercial, também, não podem ser mais importante que o conteúdo e o respeito ao próximo. Fora, os valores éticos e morais. 

Aliás, voltando ao meio-campo, não me refiro a volantes na armação. Apesar da importância deles, incluindo o passe, avanço e por ventura, na criação. Mas, falo e há um tempo já, de meio-campistas. O que não, necessariamente, são meias. O próprio Modric, craque croata, é um exemplo disso. Os mais próximos que, Tite, levou, como Fred, Bruno Guimarães, Paquetá e Everton Ribeiro, são bons, mas não craques. Ou nem armadores, de fato, são. Mesmo Neymar, rende mais a frente. 

A Croácia dominou o jogo nesse setor. Se o selecionado de Dalic tivesse um atacante, como Mandzukic, de 2018, podia ter sido eficiente e ganho no tempo normal. Com o meio em apuros, sobram pros pontas e até pra Richarlison tentar armar. O que, clamorasamente, não é a mesma coisa. 

Ainda que jogadas individuais, especialmente, com Neymar, possa decidir uma partida. E quase decidiu, aliás, tabelando com Paquetá, no belo e difícil gol. Entretanto, Livakovic, voltou a brilhar. Principalmente, nos penâltis. 

Marquinhos e Thiago Silva, tem bom passe, mas são zagueiros. Os laterais, improvisados e com dificuldade pra subir, também não conseguiram preencher esse espaço. Dos jogadores que ficaram fora, não havia nenhum craque. No entanto, Tite, poderia ter pensado numa via distinta. Éverton Ribeiro ao lado de Lucas Paquetá, talvez. Não significaria vitória, mas o desempenho poderia alavancar, evoluir. 

Contudo, olhando em diante, o Brasil pode (e deve tentar, pelo menos) resgatar seu modo ousado, de improviso, criatividade. No entanto, juntando com que a modernidade clama. Desde a formação de profissionais e jogadores. Até educacionais.

Começando fora de campo. Por exemplo, deixando os clubes para organizarem seus próprios campeonatos e calendários. Até em relação as dívidas monstruosas e adoções de SAFs, ultimamente falada no futebol brasileiro.
 
A CBF, hoje, presidida por Ednaldo Rodrigues, é riquíssima. Porém, arcaica, viciada, com dirigentes que foram parar na cadeia, cuidaria só das seleções brasileiras. Como acontece com outros países. Aliás, podia marcar amistosos com europeus, que careceu tanto na preparação dos últimos anos. Mesmo com a Liga das Nações. 

Até mesmo a Comissão de Arbitragem, deveria funcionar à parte, fora da própria CBF. Possibilitaria mais isonomia e sem tanta influencia dos clubes na Confederação. Sobretudo, os grandes, com mais arcabouço político e midiático, nos bastidores. Nos erros, as reclamações não podem deixar de ser feitas (com decência). Peremptoriamente, os árbitros poderiam se preparar melhor. Seria o caminho da profissionalização, cujo muitos desejam? 

Outra coisa, já passou da hora do futebol canarinho, inserir, não apenas infraestrutura física, científica e médica, conforme vemos, atualmente (e de 1° linha, em alguns casos, pelo menos), mas psicológica, também. Sim, a inserção de psicólogos é importante e até vital, no futebol e em esporte e competição de alto nível. Iniciando nas categorias de base. Hoje, o Brasil se perde nisso, também! 

Financeiramente, alguns casos, o salário dos jogadores, já compete com os da Europa. Sendo que boa parte da seleção, já atua por lá. Então, o modelo estrutural e de jogo no Brasil, deveria ser melhor observado, desde a base. Nem que isso leve tempo, parecendo até de "tartaruga". Mas, que seja feito DE FATO!

O técnico precisa se encaixar nessa estrutura. Não o inverso, pra ser moído, a exemplo do que acomete, lamentavelmente, hoje. Se não, a chance do que aconteceu com Felipão, em 2014, Dunga, em 2016 e o próprio Tite, agora, se repetir, só aumenta. Ou, não diminui. O aprendizado ficaria afetado. Mais uma vez. 

Por isso, que não vejo como tão importante ou tão determinante, o fato de Tite ter ido pro vestiário. Sem cumprimentar os jogadores (com quem sempre teve boa relação, segundo fontes da CBF) e torcedores no gramado. Mesmo nas vitórias, ele não costuma fazer isso. Ainda que na última sexta-feira, pudesse ter feito... 😇🙌😂

Semifinais da Copa: Argentina e França venceram os clássicos e chegam mais fortalecidos. Frio, leve e magnífico a falta ensaiada a exaustão, que originou no 2° gol holandês e de Weghorst, no último lance do confronto. Só que Martínez decidiu pros argentinos, nos penâltis. A Inglaterra, com o seu meio-campo, formado pelo discreto e eficiente, Rice e os construtores, Bellingham e Handerson, com bom passe, dominou boa parte do duelo contra os franceses. Saka e Harry Kane, também fizeram uma ótima partida. Kane, fez um, mas perdeu outra penalidade. E a arbitragem, ainda poderia ter anotado mais um, no mesmo Kane. Arbitragem que poderia ter marcado dois penâltis pra Portugal. Todavia, a equipe de Fernando Santos, na maior parte do tempo, repetiu os erros da Espanha e sucumbiu diante dos marroquinos. Também, não entendi a saída de Gonçalo Ramos e a equipe ficar cruzando bola na área. Todavia, obviamente, não dá para excluir Croácia e Marrocos. Além de se defenderem e atacarem ou contra-atacarem bem e com bons jogadores, é um jogo "só". Que por terem menos responsabilidade, são "franco atiradores". Isso, fora as imprevisibilidades, que, às vezes, o futebol injeta, podem fazer a diferença. Ainda mais nesta Copa, de "zebras". Se tem um clichê imutável, é que "o futebol não é uma ciência exata". Mesmo planejando, o equilíbrio faz de tudo pra mostrar suas garras... 👀😂😍🙌



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