Valeu mais pela técnica ou emoção?

Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Embora, temos a mania de achar que sabemos tudo, de valorizarmos coisas irrelevantes (desvalorizando as importantes) e que há só uma explicação, há vários fatores no futebol. Ou seja, não há apenas uma única explicação, para um time vencer o outro. Ainda mais, numa final e ser campeão. Foi o que sagrou o Fluminense, no sábado, contra o Boca Juniors. 

Aliás, o tricolor das Laranjeiras foi a 11° agremiação brasileira, a levantar a cobiçada e pesada taça da Libertadores. Agora, das principais instituições brasucas, de RJ, SP, MG e RS, só o Botafogo nunca ganhou a Libertadores. É, também, a 1° vez, que um país (e no caso, o Brasil) obtém o título da competição mais requentada das Américas, por 5 vezes seguidas. 

Fernando Diniz, é notadamente arrojado, ofensivo, desafiador e que adora a bola e o jogo. O Fluminense, sob suas mãos, gestos, chamadas e gritos (por ventura, com os tradicionais olhos arregalados e palavrões), na síntese, mostra isso. Aliás, as análises da mídia e jornalistas agora, não deveriam ser, apenas, de ufanismo, pela conquista de um torneio importante. Mesmo com a devida (e merecida) citação de seu crescimento como técnico.

Não são, somente, os triunfantes que possuem atributos. Nem os derrotados que têm, apenas, imperfeições. Repito: existem inúmeros fatores, pra se chegar no resultado. Ainda que uma equipe seja ou esteja melhor que a outra. Nelson Rodrigues, cujo foi escritor e cronista apaixonado por futebol, pelo Rio de Janeiro e tricolor carioca, certamente, diria: "os idiotas da objetividade e os entendidos, não vão além dos fatos concretos. Não percebem que o mistério pertence ao futebol. Não há decisão, sem o mínimo de fanatismo". Por outro lado, Diniz, pode continuar a sua evolução (inclusive, em resultados!) na seleção. Mesmo como interino. 

O seu Fluminense, de 2023, começou a "ganhar cara", em 2022. Com o auxiliar Marcão e Abel Braga, cujo levou o Carioca e se aposentou como técnico. Além da chegada "pescada" de vários jogadores atuais (boa parte, rodados somado a juventude de poucos outros) e, a recuperação do "ex-craque" a desacreditado, Paulo Henrique Ganso. Fora, obviamente, a volta de Diniz (em maio do mesmo 22), na saída de Abel. 

As dívidas do clube superam a casa dos R$700 mi e, segundo, o próprio presidente, Mário Bittencourt, a folha salarial do elenco (e comissão técnica) gira, em torno de R$8 mi, mensais. Despesas gordas (e trabalhadas com credores e bancos), mas que o prêmio de R$95 mi da Libertadores, fora bilheteira dos jogos (incluindo a dos torcedores, que viram os jogos na sede das Laranjeiras), já devem trazer um alívio "extra". A saúde financeira do clube. 

Em campo, é vistoso o seu abusado toque de bola. Por obra, quando passa do meio, em diante, pra frente. A nível brasileiro e da América do Sul. Será que o craque Marcelo e o jovem, Alexsander (cujo não jogou a final, machucado), atuam melhor no meio do que na lateral esquerda? O problema, é quando o time fica desguarnecido. Especialmente, na recomposição defensiva e lado esquerdo, mesmo. 

No sábado, Jorge Almirón (que depois saiu do Boca) colocou Merentiel, justamente, por ali. Forçando a decisão, em cima dos experientes Marcelo e Felipe Melo. Agora, a principal queixa e receio sobre o tricolor, é essa saída de bola. Invariavelmente, passando rasteira e, sobretudo, por dentro de sua própria meta. E, às vezes, até de forma teimosa, com o excepcional e longevo Fábio, na sua pequena área. Um perigo! 

Como o Boca, em boa parte da final, baixou suas linhas, até mesmo no campo de defesa, isso foi facilitado. Até pela estrela Cavani, está sem inspiração. Assim como o jovem Barco. Mas, discordo de quem disse que o time argentino marcou mal. 

Suas linhas podem estar a maior parte de tempo, recuadas. Entretanto, focadas e cerradas no esquema de 4 ou até 5 jogadores, em especial, no meio, atrapalhou o Fluminense. Que apesar de jogar melhor, em algumas situações, mostrou lentidão ou cautela demais nos passes. 

Será que o tão falado agrupamento ou junção dos pontas, no mesmo setor, é pra dar agilidade e precisão ao time? E não só para preencher o próprio espaço, com um homem a mais, como se tem dito? Aliás, será que Fernando quer atrair o oponente, pra virar mais e rápido a bola, pegando o adversário desprevenido? Pode ser uma boa, mas, dificilmente, estática decisão. 

No entanto, numa jogada dos velozes e excelentes Arias e Keno (ambos, também, com funções defensivas), o precioso e conciso artilheiro Cano, com o corpo, "fitou" Advíncula e não deu chance pra Romero: 1×0, aos 35 min de jogo. Será que mesmo com a Argentina campeã do Mundo, Cano não merecia (ou não merece) uma chamada, pra seleção de seu país? Com os xeneizes melhores e as linhas avançadas, o próprio lateral direito, Advíncula, empatou, aos 26 min do segundo tempo. 

Diniz, acertou em cheio nas entradas de Martinelli e Lima no meio. E mais ainda, na substituição de Ganso, que não vinha num "bom dia", por John Kennedy. O "presidente" ou xodó e "ex-rebelde" de xerém fez um lindo gol, aos 8 min da prorrogação. Só que na comemoração, foi expulso. O gerou "furor", drama, tensão, raiva, tristeza - mesmo que momentânea, na mobilizada torcida (que festa linda no Maracanã, por sinal), jogadores e banco tricolor. E diminuída, com a também expulsão do lateral colombiano, do Boca, Fabra. Por tapa no ótimo e capitão Nino. Que junto com o também excelente André, tem sido chamado pra seleção brasileira, pelo próprio Diniz. 

Mas falando de colombiano, a arbitragem de Roldán, foi no mínimo discutível. Para não afirmar, dosada de imprecisão. Mesmo seguindo as regras e com o demorado VAR, nas expulsões. Pior do que isso, "só" as tenebrosas confusões, antes e na véspera do confronto, no Rio de Janeiro. 

Todavia, será que o fervor do consagrado Maracanã, superou tudo isso? E mais ainda, será que a campanha, final e título histórico do Fluminense, valeu mais pela técnica ou emoção? Pelo futebol em si ou alegria contagiante, que "parou todo o Brasil"? 

Daí, os cariocas se garantiram em 2 Mundiais: dezembro deste ano e um em 2025, cuja a Fifa ainda "amarra como será". Fora, a disputa da própria "Liberta", em 2024. Ano em que duelará contra a LDU, nas finais da Recopa Sul-Americana. LDU, que bateu o bom e organizado Fortaleza, na decisão por penâltis, da Copa Sul-Americana. Mesma competição que os equatorianos já haviam ganho o título, em 2009. Diante do próprio Fluminense. Sendo que na temporada anterior, os 2 já haviam feito a final da Libertadores e também, no Maracanã: outro triunfo dos equatorianos. Então, os tricolores encaram como uma "revanche". 

Porém, enquanto não chegam as próximas competições e duelos, parabéns ao Fluminense Football Club!

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